quarta-feira, janeiro 12, 2005
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Olá, pessoas...
Então? Como andam as férias?
As minhas estão... meio sem sal.
Eu tava a fim de sair, mas, não, obrigada, chega de pump, shopping e cinema.
Esses dias, (já perdi a noção do tempo, quando se trata de um numero maior que dois dias) eu fui no pedalinho. Lembram? Aquele que eu queria ter ido durante as filmegens do trabalho de SIC. Foi divertido e eu quase toquei num pássaro. Naquele dia eu também andei de bicicleta, foi como eu fui ao Horto. Tomei água de coco e sorvete. Foi bom e eu me senti satisfeita.
Eu tava com vontade de ir pra praia, de tomar Sol (sim, eu gosto de Sol, quando estou na praia) e andar na beiradinha da água. De construir castelos de areia, e depois chorar, porque minhas unhas ficaram gastas e feias. De comer milho verde fazendo cara feia, por que eu odeio milho cozido. De xingar aqueles malditos carinhas que ficam ouvindo axé, mas depois rir, de dentro d'água, por que era um programa de exercícios que o governo estava fazendo, onde haviam muitas senhoras obesas dançando, na tentativa de emagrecer. Queria depois espremer todo mundo dentro de um carro, todos molhados e sujos de areia, reclamando do toque grudento das peles, mas se divertindo. E então chegar em casa e brigar pra ver quem toma banho primeiro, mas acabar tomando banho frio de ducha, por que não aguentei esperar os mais novos.
E mais tarde, ir no "centro", tomar sorvete e discutir com o meu pai o por que de não poder fazer uma tatuagem de henna...
Mas... se eu for à praia, tudo o que eu vou encontrar vão ser adolescentes mesquinhos com pseudo-sotaque carioca olhando pra mim como se eu fosse uma aberração, e a recíproca será a mesma, já que eu acho que são todos caipiras com pinta de poder, já que não conhecem nada do mundo. Não que eu conheça, mas pelo menos eu procuro conhecer. E não acho que o mundo se resume a uma cidadela de cinco quateirões, nem que um centro, digno desse nome, seja seja uma "avenida", onde nem passam carros, já que os pedestres tomaram conta, com 15 restaurantes e lojas de souvenirs. Também vou encontrar primos. Os pequenos, que agora, o menor, deve bater no meu ombro, e estão também se transformando nos pseudo-seres humanos, com pseudo-perspectivas de futuro, que na realidade se resumem na subsistência e em servir os que têm casa de veraneio na região. Eu também vou achar o sorvete e a tatuagem de henna, ambos ao dobro do preço, e a praia cobrando entrada para carros que não são da cidade.
E eu vou me encontrar discutindo com o meu irmão, quem vair dormir no quarto e quem na sala. E vou me encontrar reclamando, por que eu não tenho um computador ao meu dispor, e por que a maldita cidade tem tantos bichos, e por que não tenho um corpo no qual eu possa por um biquíni que seja realmente um biquíni, e por que naquele bairro que resolveram nomear município não tem um shopping, nem um cinema, nem um nada...
Esse ano minha tia, que mora em São Sebastião e tem cerca de quarenta anos, terminou a faculdade e pôde se tornar uma professora efetiva do município de Ilha Bela. Ela passou dois anos dandoaula de manhã e à tarde e indo para a faculdade à noite. Caso ela não obtivesse a graduação, ela perderia o cargo. Ela tem três filhos e meu tio vive pulando de um emprego para outro. Detalhe, que esse diploma não é válido para nenhuma outra instituição, já que o curso foi feito pela internet e por aulas esporádicas, fornecido pela prefeitura da própria cidade.
O meu primo mais velho, o Felipe, repetiu de ano, por que cabulou muitas aulas para "pegar onda", como ele me dizia pelo icq. Minha tia foi chamada três vezes pela diretoria da escola, e recebeu uma intimação do juizado de menores, por não comparecer. Infelizmente, o felipe "esquecia" de entregar os bilhetes.
O meu primo do meio, o Vítor, teve meningite aos seis meses. Pra que não sabe, meningite dificilmente não deixa sequelas. A dele foi o atraso mental e corporal. Ele tem uns 11 anos e é mais baixo que a irmã mais nova, que deve ter uns 8. Fala enrolado e provavelmente não vai concluir o Ensino Fundamental.
Minha prima mais nova, a Milena, eu não conheço muito bem. Sei que é muito inteligente, mas provavelmente vai se limitar, já que o "meio influencia o homem". Ela é muito bonita, apesar de pequena. Talvez possa virar modelo infantil.
Ah... eu nem sei por que eu escrevi tudo isso. Sinceramente, eu não sei se me importo. Às vezes acho que sim, às vezes que não.
Provavelmente, depois de escrever tudo isso, eu vou me sentar e pensar "Meu Deus, por que eu não posso simplesmente parar? Não há um botão de 'off'?" E pensar que eu só queria ir à praia, tomar Sol e andar na beira do mar... Pra não nos esquecermos que a cada ano que passa as coisas ficam diferentemente iguais.
Lia reclamou hoje às 11:53 PM
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